Uma pesquisa da USP de Ribeirão Preto (SP) revelou que um componente da maconha pode ajudar no tratamento de pessoas que sofrem de ansiedade e fobia social - transtorno associado ao medo de executar tarefas como falar e comer em público - sem causar dependência química. A tese de pós-doutorado do pesquisador Matheus Bergamaschi, que demorou três anos para ser concluída, evidenciou que uma dose de 600 miligramas do "Canabidiol", substância presente na Cannabis sativa, deixou pacientes com fobia mais seguros.
O desenvolvimento do projeto, em parte conduzido no Instituto de Pesquisas Sobre Abuso de Drogas de Baltimore, nos EUA, contou com a participação de 36 universitários brasileiros voluntários em Ribeirão Preto, que foram divididos em três grupos.
Depois de serem medicados, os participantes foram convidados a gravar em vídeo um discurso de quatro minutos. Ao final, exames com ressonância magnética apontaram que o Canabidiol alterou regiões do cérebro de pessoas com fobia social. "Elas apresentaram menor nível de ansiedade comparado aos que receberam apenas o placebo. Isso foi quase igual aos voluntários saudáveis, que não apresentam a fobia social", disse Bergamaschi.
Medicamento com base em composto da maconha
(Foto: Josinaldo Rodrigues/EPTV)
De acordo com Regina Queiroz, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP Ribeirão e uma das orientadoras da pesquisa, o composto precisa ser aprovado por organismos internacionais de regulação antes que seja aplicado em pacientes.
Também orientador da pesquisa, o professor da Faculdade de Medicina José Alexandre Crippa alertou que, dentre os cerca de 400 compostos da maconha, apenas o Canabidiol tem propriedades positivas comprovadas no tratamento de ansiedade e fobia social. O consumo convencional da droga, segundo ele, pode agravar os sintomas em quem sofre os transtornos.
Fonte: G1 Ciência
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